Ilustração: Luck Murídeo |
São 6 horas da manhã e o vazio ainda toma conta da rua. Apenas para um
mero e simples detalhe. Dou mais um gole no café. Agora parece que o morno do
café com seu suave amargor tomam conta de mim. Meu pensamento volta a refletir
para o mero e simples detalhe. A rua está vazia e sombria, mas a natureza já
está na ativa. As folhas das árvores próximas da minha casa se mexem levemente.
Os pássaros no céu azul e sem nuvens permanecem voando. Alguns param entre os
fios de alta tensão. Outros de uma árvore a outra. Já os periquitos-verdes
fazem muito barulho, eles são muitos e não devem estar de quarentena. Consigo apenas ouvi-los, mas não observá-los.
A quarentena deles é diferente.
A solidão da quarentena que me consumia desaparece.
Durante o terceiro gole do bom café começo a pensar em quão grandiosa é a
natureza. Somente um Deus poderia criar algo tão incrível e extraordinário que
até hoje nenhum humano conseguiu copiar.
Percebi que a quarentena por mais solitária que seja é um
momento de reflexões. Pra mim é observar de como somos meros coitados e mortais
assustados e amedrontados. Um simples
vírus pode acabar com a vida humana de muitos. Além disso, durante a
quarentena, ficando em casa é possível valorizar as coisas simples da vida como
a família, a natureza e o de fazer o bem ao próximo. Coisas que no dia a dia corrido da humanidade
poucos se importavam, mas na hora da morte e da tragédia todos aprendem serem
iguais uns dos outros. Essa foi minha reflexão.
No quarto gole, sinto que o
café acabou. Um carro de som com propaganda da prefeitura passa pela rua de
casa e diz: “fique em casa”. Minha viagem mental me faz voltar para realidade
mundial. Cuidado com o CIVID-19. Evite aglomerações. Por mais problemas
econômicos que possamos ter por causa da pandemia, dinheiro a gente recupera,
mas uma vida não. Largo meu minha caneca na pia. Saio da cozinha e vou passear
até a sala. Sento no sofá. Ligo a Tv e conecto na Netflix. Começo a passar
pelos títulos de filmes e séries. Qual o que escolher? Ainda não sei, acho que
vou fazer mais um pouco de café para
saber qual efeito vai ter dessa vez.
Esse texto merece estar num livro.
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