quinta-feira, 13 de julho de 2017

Iêda Lima lança autobiografia e diz em entrevista ao TJM, “É o ato de transgredir que nos faz evoluir como ser humano”

Foto: Erika de Faria Alves

Falar de um militante durante o período da ditadura? Não sei como começar, apenas me sinto na obrigação de dizer o papel importante que eles tiveram nesse período. Hoje não irei discorrer do meu eterno amigo revolucionário e pai da comunicação alternativa, Vito Giannoti. Hoje falarei da escritora Iêda Lima que lançou sua autobiografia intitulada, “Um olhar no retrovisor e outro na estrada”.

Durante sua juventude, na década de 60, perante o sistema político e os problemas enfrentados pela sociedade a transformaram em uma jovem rebelde que se somou a tantos outros na defesa do livre pensar e se reunir com outros militantes, o que lhe custou quase nove anos de exílio. Ao aposentar-se, aos 66 anos de idade, resolveu contar um pouco da sua história.
Foto: Erika de Faria Alves

Segundo a autora, foi uma maneira que ela encontrou para contar aos jovens que um projeto se constrói com compromisso, engajamento e coragem para acolher as desventuras e conquistas como ferramentas de aprendizagem e de crescimento pessoal e coletivo.
E como digo, falou de cultura e entretenimento, lembrou-se do Blog Tudo Junto e Misturado que entrevistou a militante. É só conferir...

Tudo Junto e Misturado - Como é contar sua própria história?

Iêda Lima - É reviver as mesmas emoções sentidas em cada momento relembrado e reforçar a ideia de que compartilhar experiências e os aprendizados de uma vida inteira, incluindo os fatos políticos que influenciaram as nossas vidas, pode ser útil para os mais jovens, a quem lhes cabe levar adiante o bastão.

TJM - O que mais te marcou durante a ditadura?

I.L. - A truculência e o desrespeito ao direito de um ser humano de pensar, de se expressar, de se reunir, de ter opiniões divergentes e de protestar.

TJM - Acredito que vivemos em uma falsa democracia. A luta em prol da democracia deve continuar?

I.L. - Na verdade, a nossa democracia está em crise, assim como acontece no mundo inteiro. Estamos vivenciando uma transição entre a velha democracia, que tem como um dos pilares institucionais um sistema político e eleitoral viciado pela frágil representatividade, distante dos eleitores, carcomido pela corrupção e caro, para uma democracia que reflita mais as novas relações sociais, que deixaram de ser verticais, com partidos e sindicatos que “falavam por cada um dos seus representados”, e que ganha uma crescente horizontalidade, que dá muito mais poder de participação, escolha e fiscalização aos indivíduos. A internet não somente revolucionou a comunicação, mas também atingiu, em cheio, a maneira de fazer política.

TJM - Atualmente temos mais revolucionários nas redes sociais do que nas ruas?

I.L. - Interpretando os “revolucionários” como sendo pessoas que não perderam a capacidade de se indignar e de romper com os paradigmas, eu diria que não. Temos exemplos do Brasil, da Venezuela, da França e outros países onde os “revolucionários” saíram às ruas quando necessário, para exigir mais ética, probidade e competência na condução da coisa pública e respeito às liberdades democráticas. Mas as redes sociais também tem um papel muito importante, como meios de formar opinião e de organizar e mobilizar as pessoas.

TJM - A juventude de hoje precisa se conscientizar mais sobre a importância das lutas do passado, para revolucionar o futuro?

I.L. - Sim, pois eles nasceram na democracia que já havia sido restaurada e grande parte ainda acham que esse negócio de participação é coisa dos “tios”, aqueles que decidiram entrar no sistema político-eleitoral por diversas motivações. Sem a participação cidadã dos jovens, que estão esperando e cobrando serviços públicos de qualidade, a mudança poderá ser para pior.

TJM - Vale a pena lutarmos pelos nossos ideais?

I.L. - O que move as mudanças – pessoais ou coletivas – é o nosso ideal ou a nossa alma. A alma é transgressora por natureza, como diz o rabino Nilton Bonder, em “A alma imoral”. É o ato de transgredir que nos faz evoluir como ser humano e sociedade. Estamos em um momento no mundo em que a transgressão das próprias convicções se tornou essencial.


Sobre a autora

Iêda Lima é de Campina Grande, mas mora em São Paulo desde 2010. Descendente de índios Tarairús e Potiguares e mistura com brancos Holandeses e Portugueses, Iêda Lima teve uma rica experiência profissional, após a sua volta do exílio no Chile e Alemanha.
Formada em Economia de Transportes, pela Escola Superior de Transportes e Comunicações de Dresden, na Alemanha, Mestre pela Universidade Federal da Paraíba/Campina Grande e Doutora pela USP de São Carlos, em Engenharia de Transportes, ela é autora do livro técnico “O novo e o velho na gestão da qualidade do transporte urbano” (Bauru: EDIPRO, 1996), e desde sua aposentadoria, em junho de 2014, dedica-se a escrever, fotografar, formar opinião via redes sociais e curtir a família e os amigos. Esta é sua primeira obra pessoal e destaca-se como uma autobiografia com viés político e social que muito nos faz refletir sobre o momento atual em que vivemos.


Serviço
Autobiografia - “Um olhar no retrovisor e outro na estrada”
Autora - Iêda Lima
160 páginas – 14x21cm
R$ 34,90
Editora Literando & Afins

Noite de autógrafos, em quatro capitais:

Campina Grande - 17 de agosto, quinta-feira, na livraria Espaço da Cultura, a partir das 17h30
Recife - 24 de agosto, quinta-feira, na Livraria Cultura do Paço Alfândega, a partir das 18h
Brasília - 31 de agosto, quinta-feira, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, a partir das 18h
Fortaleza – 23 de novembro, quarta-feira, na Livraria Cultura do Shopping Varanda Mall, a partir das 18h


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