quinta-feira, 31 de agosto de 2017

“Não podemos enterrar o bom jornalismo”, diz jornalista Daniela Arbex ao TJM

Foto: JC Curtis/FUNDACC

A conceituada e premiada jornalista Daniela Arbex conheceu o litoral norte, por onde passou pelo programa Viagem Literária, nas cidades de Ubatuba, Ilhabela e Caraguatatuba, batendo um papo sobre seu livro-reportagem “Holocausto Brasileiro”. O livro traz a tona o que foi praticado no Hospício de Barbacena, em Minas Gerais, onde ocorreu um genocídio com mais de 60mil mortes. Um holocausto praticado pelo Estado, com a conivência de médicos, funcionários e da população.

Ao saber que ela estaria na minha cidade, dando uma palestra na FUNDACC (Fundação Cultural e Educacional de Caraguatatuba), logo fiquei animado, afinal, ela luta a favor do bom jornalismo e eu gostaria de conhecê-la. Tive o privilégio de entrevistá-la e saber como é manter o bom jornalismo mesmo na era digital. 

“Eu não tenho dúvidas que a gente está vivendo um processo de transição e de mudança enorme; a profissão está passando por uma mudança profunda. Antes a voz era o jornal diário, o jornal impresso que era a grande referência e isso mudou. Agora você consegue buscar informação em qualquer lugar, o que a gente precisa é qualificar essa informação, é ver se a informação que está sendo fornecida é uma informação que tem credibilidade”, salientou Daniela.

Foto: JC Curtis/FUNDACC
Com relação às novas plataformas e manter o bom jornalismo ela explicou, nós temos que se adequar a essa nova realidade, e continuar fazendo jornalismo com investigação, com checagem, confrontamento de dados em qualquer plataforma. A base do jornalismo é essa, é checar dados, confrontar informações, é o repórter ir ao local; então, se o jornalista continuar a fazer isso em qualquer meio de comunicação que estiver o bom jornalismo permanece. Sei que diante dessas notícias instantâneas, fechamento de jornal, redações mais enxutas, tudo conspira contra o bom jornalismo, mas, nós temos que resistir e não podemos enterrar o jornalismo e nem o deixar perder sua essência. “A sociedade democrática precisa do jornalismo de qualidade, então, temos que manter ele vivo”, enfatizou Arbex.    

Daniela também comentou que lançará seu próximo livro em janeiro de 2018, mas por ter contrato de confidencialidade com a editora, não pode falar sobre ele. “Não posso falar muito sobre ele, a única coisa que posso dizer é que o livro está lindo, um trabalho muito rico que vai causar um grande impacto na sociedade, porque o livro traz uma história recente, de uma forma que nunca foi contada”, finalizou a jornalista.  

DanielaArbex é autora do best-seller Holocausto Brasileiro, eleito Melhor Livro-Reportagem do Ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte em 2013 e segundo melhor Livro-Reportagem no Prêmio Jabuti em 2014. A obra foi adaptada para o cinema em formato de documentário e vendeu mais de 280 mil exemplares no Brasil e em Portugal. Em 2015, a autora lançou Cova 312, livro que aborda a ditadura e lhe rendeu o primeiro lugar no prêmio Jabuti de 2016.

PRÊMIOS E MENÇÕES

  • 2014 Segundo lugar no prêmio Jabuti na categoria livro-reportagem
  • 2014 Agraciada com o Prêmio Carrano de Luta Antimanicomial e Direitos Humanos
  • 2013 Vencedora do prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) na categoria literária pelo Holocausto brasileiro, eleito o melhor livro reportagem do ano
  • 2012 Vencedora do Prêmio Esso na Categoria Regional Centro-Oeste
  • 2012 Menção Honrosa no Prêmio IPYS de Melhor Investigação Jornalística da América Latina e Caribe (Transparência Internacional e Instituto Prensa y Sociedad) com a série Holocausto brasileiro- eleita pelo júri popular a melhor investigação do Colpin 2012
  • 2010 Vencedora do Knight International Journalism Award (Estados Unidos)
  • 2009 Vencedora do Prêmio IPYS de Melhor Investigação Jornalística de um Caso de Corrupção na América Latina e Caribe (Transparência Internacional e Instituto Prensa y Sociedad)
  • 2009 Menção Honrosa no Prêmio Vladimir Herzog- categoria especial educação
  • 2004 Vencedora do Prêmio Inclusão Social Saúde Mental
  • 2004 Prêmio Imprensa Embratel: finalista Região Sudeste
  • 2002 Vencedora do Prêmio Esso – Categoria especial interior
  • 2002 Menção Honrosa no Prêmio Vladimir Herzog
  • 2002 Menção Honrosa no Prêmio Lorenzo Natali (Bélgica)
  • 2000Vencedora do Prêmio Esso de Jornalismo – categoria especial interior
  • 2000 Diplomada “Jornalista Amiga da Criança” – ANDI
  • 2000 Prêmio Eloísio Furtado pela melhor reportagem do ano – Tribuna de Minas
  • 1999 Finalista do Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo- categoria impresso
  • 1999 Prêmio Eloísio Furtado pela melhor reportagem do ano – Tribuna de Minas
  • 1998 Finalista do Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo- categoria impresso
  • 1998 Prêmio Eloísio Furtado pela melhor reportagem do ano – Tribuna de Minas
  • 1997 Prêmio Eloísio Furtado pela melhor reportagem do ano – Tribuna de Minas
  • 1996Prêmio Eloísio Furtado pela melhor reportagem do ano – Tribuna de Minas


Sobre o Viagem Literária

Lançado em 2008, o Viagem Literária integra o conjunto de ações do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de São Paulo (SisEB) e já foi prestigiado por mais de 285 mil participantes, entre adultos e crianças. Além da programação de encontros com os escritores, o programa traz em suas diretrizes a capacitação dos profissionais de biblioteca e também as oficinas de criação literária.
Já participaram das atividades nomes como Marcia Tiburi, Raphael Draccon, Ilan Brenman, Carla Caruso, Marcelino Freire, Cristovão Tezza, Luiz Ruffato, Daniela Arbex e Ignácio de Loyola Brandão, que já participou de diversas edições do programa.

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