“As suas leis estão em oposição à natureza e com elas vocês roubam das massas o direito à vida, à liberdade e ao bem-estar”.
Essas foram as últimas palavras de um dos cinco sindicalistas que foram enforcados nos EUA no dia 11 de novembro de 1887 e em cuja memória se comemora, desde então, o 1º de Maio. Transcorreram mais de 120 anos e essas palavras, em plena crise, continuam mais vigentes que nunca.
E quanto mais “chovem canivetes” sobre a classe operária, mais o coro governo-patronal-sindicatos do regime (CCOO e UGT) entoa a canção do diálogo social. Falam de paz social enquanto declaram guerra aos trabalhadores com o desemprego e as demissões, as reduções salariais, o corte dos gastos sociais, o ataque às aposentadorias, a reforma trabalhista e a privatização dos serviços públicos.
Além disso, esse plano de choque é só o começo. Governo, Partido Popular, bancos e investidores estrangeiros sabem que têm que ir muito mais longe e que é só questão de tempo para que, em prol da “credibilidade da Espanha”, anunciem novas e mais selvagens medidas, espelhando-se no exemplo grego.
Um Primeiro de Maio de luta contra os ataques da patronal e do governo
Economistas como Krugman e analistas das grandes finanças afirmam que, para “sair da crise”, os salários espanhóis, tanto o direto como o indireto e o diferido (saúde, educação, aposentadorias), devem ser reduzidos entre 20 e 25%. Estamos no início de uma ofensiva de longo alcance para empobrecer a população trabalhadora e nos fazer retroceder décadas.
Portanto, sobram razões para sairmos às ruas e fazermos do dia internacional da classe operária uma jornada de reivindicação e de luta.
Temos que sair às ruas para nos manifestar contra o desemprego, porque já são 4,5 milhões de trabalhadores/as desempregados, há mais de um milhão de famílias com todos os seus membros sem trabalho e 350 mil perderam suas casas nos últimos três anos por causa dos despejos, enquanto os bancos continuaram acumulando fortunas e recebendo ajudas do Governo.Temos que sair às ruas contra a aposentadoria aos 67 anos e a ampliação do tempo de contribuição para se aposentar, porque é uma vergonha e um negócio muito lucrativo para os bancos e todos os que estão por trás dos fundos de previdência privada.
Temos que sair às ruas contra os cortes nos gastos públicos, porque, ao invés de criar postos de trabalho, serão extintos mais de 200 mil empregos diretos na Administração Pública. O Governo diz que “É preciso economizar!”, e aperta os que estão embaixo enquanto libera os ricos e os banqueiros de pagar impostos, facilitando que as grandes fortunas fujam do fisco.
Temos que sair às ruas contra a reforma trabalhista, que pretende reduzir o custo das demissões e promover uma redução geral de salários, que querem camuflar “incentivando” o contrato de tempo parcial.
Temos que sair às ruas contra o racismo e a xenofobia, contra a perseguição aos trabalhadores/as imigrantes, que são vergonhosamente acusados pelo desemprego.
Temos que sair às ruas para dizer que juntos podemos fazer retroceder essas reformas e defender um plano de medidas operárias contra o desemprego e a crise, para que ela seja paga pelos seus responsáveis e não pelos trabalhadores/as.
Os “sindicatos do regime”, como fizeram em dezembro, sairão no dia 1º de Maio para exigir “diálogo social” e é que - como afirma o manifesto unitário de Madri - “a submissão dos dirigentes da CCOO (Comissões Operárias) e da UGT (uma das centrais sindicais) ao Governo dos banqueiros é diretamente proporcional ao grau de dependência econômica e material dessas organizações em relação ao Estado e aos empresários”.
Em Madri, Barcelona, Sevilha, las Palmas… estão sendo preparadas manifestações unitárias, de classe e alternativas. Esse é o caminho porque, como afirma o manifesto unitário, “as organizações sindicais, sociais e políticas da classe operária, que nos opomos à guerra social que Governo e patronal declararam contra nós, somos obrigados a unir forças e nos agrupar para que os trabalhadores dispostos a não se deixar submeter tenham um ponto de apoio, uma referência de luta alternativa”.
Fonte: Corriente Roja, n° 10, Abril de 2010
sábado, 1 de maio de 2010
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