Foto: Arquivo Municipal de Caraguatatuba / FUNDACC |
"A lama
vermelha, amolecida por três dias de chuva forte, deslizou sobre a cidade,
encobriu casas ao pé da serra, por cima vieram árvores inteiras, derrubando
paredes e se amontoando na estrada. Dez minutos depois, Caraguatatuba quase não
existia mais." Assim o jornalista Gabriel Manzano abriu reportagem
publicada no Jornal da
Tarde em 20 de março de
1967.
Conhecida
internacionalmente, a catástrofe ocorreu no dia 18 de março de 1967, a maior parte dos deslizamentos
ocorreu no começo da tarde. Segundo os jornais, chovia intensamente desde o dia
16 de março, ficando mais intensa á noite. Na manhã do dia 18, começaram os deslizamentos.
Por volta das 15h30, toda a serra desabou e a cidade ficou isolada.
A tragédia em Caraguatatuba deixou 436 mortos e desesperou os moradores. Todas as 240 lojas da cidade fecharam as portas, num luto espontâneo. A luz acabou. Comida e gasolina foram racionadas. O Rio Santo Antônio subiu e o aguaceiro invadiu a Santa Casa. O necrotério municipal não parava de receber corpos e o mar também trazia cadáveres. Severino - coveiro identificado pelos jornais da época apenas pelo primeiro nome e que nunca havia enterrado mais de três pessoas em um dia, sepultou cem de uma vez - 15 em vala comum. Mais da metade sem nome.
A solidariedade não demorou a chegar. Donativos de São Paulo chegavam aviões e de navio, via Porto de Santos. Caraguatatuba não tinha roupa. Caraguatatuba tinha fome. No dia seguinte à tragédia, ali estavam remédios, 20 sacas de feijão, 450 latas de leite em pó, 300 cestas básicas, 100 latas de biscoito e vários outros mantimentos.
A tragédia em Caraguatatuba deixou 436 mortos e desesperou os moradores. Todas as 240 lojas da cidade fecharam as portas, num luto espontâneo. A luz acabou. Comida e gasolina foram racionadas. O Rio Santo Antônio subiu e o aguaceiro invadiu a Santa Casa. O necrotério municipal não parava de receber corpos e o mar também trazia cadáveres. Severino - coveiro identificado pelos jornais da época apenas pelo primeiro nome e que nunca havia enterrado mais de três pessoas em um dia, sepultou cem de uma vez - 15 em vala comum. Mais da metade sem nome.
A solidariedade não demorou a chegar. Donativos de São Paulo chegavam aviões e de navio, via Porto de Santos. Caraguatatuba não tinha roupa. Caraguatatuba tinha fome. No dia seguinte à tragédia, ali estavam remédios, 20 sacas de feijão, 450 latas de leite em pó, 300 cestas básicas, 100 latas de biscoito e vários outros mantimentos.
Observações importantes:
- Durante o mês de março de 1967 foram registrados 851mm de
chuva, sendo 115mm no dia 17 e 420mm no dia 18, “não acusando índice maior
devido à saturação do pluviômetro”.
- Bairros, ruas e estradas ficaram cobertos de lama e
troncos de árvores que obstruíram a passagem de carros e pedestres.
- 30 mil árvores desceram as encostas;
- 400 casas desapareceram sob a lama;
- 1 ônibus, lotado de passageiros desapareceu;
- 3 mil pessoas perderam suas casas (Caraguá contava com 15
mil habitantes na época).
- 5 mil troncos, aproximadamente, soterraram casas e
destruíram parte da rodovia dos Tamoios;
- A cidade ficou sem energia elétrica, água e qualquer tipo
de comunicação;
- apenas as luzes clareavam algumas casas, mostrando o
horror da tragédia.
- Caraguatatuba ficou completamente isolada do mundo,
cercada por mais de treze horas, cercada por água, lama e lamentações das
famílias que perderam filhos, parentes e amigos.
- Em desespero procuravam seus entes queridos e só
encontravam toras e lama.
- O Rio Santo Antônio, que corta a cidade, alargou-se numa
média de cinco vezes o normal devido ao volume de água e lama.
- A Santa Casa também foi inundada e a ponte carregada com a
força das águas.
- Famílias dos bairros mais atingidos pela tromba d água,
como Ponte Seca e Rio do Ouro, ficaram desabrigados, sem casa e sem comida.
- Buscavam abrigo nas casas de parentes e amigos, sem saber
o que seria de seu futuro.
- No dia 19 de março começaram a chegar os primeiros
socorros através da Polícia Militar, FAB – Força Aérea Brasileira, Exército e
Capitania dos Portos.
- A solidariedade vinha de toda parte dos Brasil.
- Depois das fortes chuvas, as estradas foram desimpedidas,
ponte provisória foi construída.
- Equipes do DER – Departamento de Estradas de Rodagem foram
enviadas para este trabalho.
- A assistência médica foi realizada por médicos voluntários
da região, como também da Força Aérea, Exército e CTA – Centro Tecnológico
Aeroespacial de S. José dos Campos.
- Após a catástrofe, a população foi retomando seu ritmo
normal de vida.
- Os trabalhos de resgate continuavam.
- Os corpos daqueles que não conseguiram escapar com vida
eram retirados da lama já endurecida.
- Impossível dizer-se o número verdadeiro de habitantes que
foram mortos pela catástrofe.
- Famílias inteira foram soterradas por toneladas de lama,
sem que se saiba, até hoje, quem eram e que nome tinham.
- Falou-se em quinhentos, mas sabe-se que foram muitos mais.
- Mas nos meses que se seguiram, a brava gente caiçara
mostrou coragem, recomeçando uma nova vida...
... fazendo renascer uma nova Caraguá!
(Fonte:
Estadão / Arquivo Municipal de Caraguatatuba / FUNDACC)
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